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https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/20317
Tipo: | TCC |
Título: | A REPRESENTAÇÃO DA INFÂNCIA NA POESIA DE AUGUSTO DOS ANJOS |
Autor(es): | SILVA, GRACIELLE ANGELINE TAVARES DA |
Primeiro Orientador: | Ferraz Júnior, Expedito |
Resumo: | Este trabalho tem como objetivo investigar a representação da infância na poesia do poeta paraibano Augustos dos Anjos, a partir da análise de alguns poemas que integram o corpus do livro Eu e Outras Poesias, (Mágoas, Senectude precoce, Debaixo do Tamarindo e Poema Negro), confrontando numa leitura dialógica as diferentes concepções do universo infantil na Literatura Brasileira Moderna, num período marcado por profundas transformações sociais, políticas, econômicas e culturais no Brasil e na Europa, que compõem o cenário da Belle Époque. Para isto, a metodologia da pesquisa adotada foi a revisão na literatura, de cunho bibliográfico, destacando-se os seguintes autores Viana (1994), Helena (1984), Andrade & Filho (2012) os quais integram majoritariamente sua crítica literária. Outros autores também referenciados na fortuna crítica foram Neto (2011), Franco (2000), Helena (1984), chamando atenção para o problema do biografismo que, frequentemente, perpassa a obra do poeta paraibano, impregnando-lhe traços de impressionismo refletindo até hoje em denominações como o “poeta da morte”, “o poeta maldito”, “o poeta do mau gosto”, entre outros, causando, de certa forma, um reducionismo à construção literária de Augusto dos Anjos. Dessa forma, outras vertentes de sua poesia, como a temática da infância passam despercebidas pelo fato de os críticos se concentrarem mais no pessimismo do poeta paraibano. Para tratar a temática infantil na estética anjosiana, evidenciamos a infância como símbolo, marcado pelas múltiplas heterogeneidades do “Eu” particular e universal em Augusto dos Anjos, a partir do viés psicanalítico, tendo como referencial teórico Freud e Lacan. Dentre esses elementos foi possível perceber a presença do encantamento, da poeticidade, do saudosismo, da melancolia, da tristeza, da amargura e do lúdico, denunciando uma poesia marcada pelo memorialismo. Da análise empreendida, especialmente pela interpretação interdisciplinar que o texto poético alcança, em particular pela sua pluralidade de significados foi possível verificar que a infância em Augusto dos Anjos ocuparia uma espécie de lugar privilegiado, ao mesmo tempo consciente do sofrimento trazido pela memória do eu-lírico que se correlaciona sobretudo com a ideia do objeto perdido, defendido por Freud, proporcionando em sua poética a presença frequente se signos e símbolos que referenciam uma lembrança impossível de ser recuperada, levando o eu-lírico à manifestação de sua própria insignificância diante das experiências do mundo. Nesse sentido, buscamos demonstrar ainda, por meio de conceitos psicanalíticos, que a infância emergente nos poemas de Augusto dos Anjos rompe com a ideia de linearidade cronológica, apresentando uma estreita relação com a experiência, na qual a memória do poeta evoca não o resgate de um passado meramente biográfico, marcado pelo saudosismo e reavivamento das suas raízes poéticas existenciais, mas, invoca principalmente a imagem de uma infância não necessariamente feliz, marcada pelo uso da linguagem poética como recurso de busca do seu objeto e incorporação ao seu próprio ser, visando ocupar o espaço de uma falta. |
Abstract: | This work aims at investigating the representation of childhood in the poetry of the Paraíba’s author Augusto dos Anjos, by analyzing some poems which are part of the book Eu e Outras Poesias, (Mágoas, Senectude Precoce, Debaixo do Tamarindo and Poema Negro) and by confronting, through a dialogical reading, the different conceptions of the children’s literature universe in Brazilian Modern Literature, specifically in a period marked by profound social, political, economic and cultural transformations in Brazil and in Europe; such changes make part of the Belle Époque. In order to do so, the adopted research methodology was that of literature revision, highlighting the following authors: Viana (1984), Helena (1984), Andrade & Filho (2004), responsible, for the most part, for this work’s literary criticism. Other referenced authors were Neto (2011), Franco (2000) and Helena (1984), calling attention to the biographism1 problem, often used to analyze Augusto dos Anjos’ works and which attributes to him impressionism traces, granting him denominations such as “the poet of death”, “the damned poet”, “the poet of bad taste”, among similar titles. This ends up creating, in a certain sense, a reductionism to Augusto dos Anjos’ literary construction. In this way, other approaches to his poetry, such as the childhood thematic, go unnoticed, because critics concentrate more on the Paraíba’s author pessimism. To discuss the childhood thematic in Augusto dos Anjos, we highlight the childhood as a symbol, marked by multiple heterogeneities between the particular and universal “I” in Augusto dos Anjos’ works, through the lenses of a psychoanalytic having Freud and Lacan as the theoretical references. Amongst these elements, it was possible to perceive the presence of amazement, of poeticism, of longing for times past, of melancholy, of sadness, of bitterness and of ludic aspects, revealing a poetry marked by memorialist characteristics. From the analyzed poetry, it was possible to verify, particularly due to the poet’s meaning plurality, that childhood in Augusto dos Anjos’ poetry would occupy a kind of privileged space while, at the same time, being conscient of the suffering brought by the memory of the lyrical I. Such memory is correlated to the idea of the lost object, as defended by Freud. In Augusto dos Anjos poetic style, this promotes the constant presence of signs and symbols referencing an unretrievable memory, leading the lyrical I to realize its own insignificance when faced with world experiences. In this sense, through means of psychoanalytical concepts, we also attempt to demonstrate that the emerging childhood in the poems of Augusto dos Anjos represents a breaking with the idea of chronological linearity, presenting a close relation with the experience. In this relation, the poet does not evoke the rescuing of a merely biographical past marked by longing for gone times and the rekindling of his existential poetic roots, but instead he evokes mainly the image of a childhood that was not necessarily happy, characterized by the usage of poetic language as a resource to look for his lost object and to incorporate said item to his very being, aiming at filling an empty space. |
Palavras-chave: | Augusto dos Anjos; Infância; Heterogeneidade; Símbolos; Psicanálise Augusto dos Anjos; Childhood; Heterogeneity; Symbols; Psychoanalysis |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS HUMANAS |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editor: | Universidade Federal da Paraíba |
Sigla da Instituição: | UFPB |
Departamento: | Letras Estrangeiras Modernas |
Tipo de Acesso: | Acesso aberto |
URI: | https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/20317 |
Data do documento: | 16-Jun-2021 |
Aparece nas coleções: | TCC - Letras - Português (Curso presencial) |
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