Skip navigation

Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/24491
Tipo: Tese
Título: (Des)sentidos da loucura: experiência do sofrimento das pessoas com problemas de saúde mental em João Pessoa/PB
Autor(es): Araujo, Alecsonia Pereira
Primeiro Orientador: Sousa, Eduardo Sérgio Soares
Primeiro Coorientador: Carvalho, Rafael Nicolau
Resumo: A construção sócio-histórica da experiência da loucura é complexa e atravessada por múltiplas concepções e intervenções, as quais se inscrevem em um invólucro estigmatizante, que começa a mudar com os movimentos de reforma psiquiátrica. Esta tese de doutorado teve por objetivo compreender a experiência do sofrimento das pessoas com problemas de saúde mental, que utilizam os serviços dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) III, em João Pessoa/PB, verificando em que medida as mudanças socioculturais sobre as formas de entender a loucura modificam a experiência do sofrimento humano e as formas de assistência na saúde mental. Para tanto, partiu-se de três hipóteses: inferiu-se que o problema de saúde mental se incorpora na vida do usuário de forma negativa, deteriorando sua autoimagem e reforçando os estigmas historicamente atribuídos à loucura; a narrativa da reforma participa e colabora para a reconstrução de uma nova identidade para os usuários da rede, quando eles passam a ser reconhecidos como sujeitos de direitos; e que essa nova identidade e esse reconhecimento têm contribuído para uma narrativa de reversão da autoimagem negativa relativa ao problema de saúde mental. Na perspectiva de atender aos objetivos do estudo, recorreu-se a diferentes metodologias, quais sejam: pesquisa de campo com abordagem qualitativa, utilizando a metodologia de pesquisa da história oral, a partir da entrevista temática, e a entrevista semiestruturada, realizada com 22 usuários e 12 familiares; e a pesquisa documental, que subsidiou a contextualização dos cenários, permitindo apresentar um panorama geral dos usuários. A pesquisa foi realizada em 571 prontuários dos CAPS, além da utilização da observação sistemática e do registro no diário de campo. A coleta de dados transcorreu no período de 08 de julho de 2019 a 19 de março de 2020 e atendeu aos pressupostos da resolução 510 de 2016. A investigação teórica permitiu produzir indicações da presença do sofrimento psicossocial, mas foi apenas com a aproximação no campo de pesquisa que foram identificadas as bases concretas para constatar a manifestação do sofrimento enquanto psicossocial. Os resultados sugerem que a incidência do sofrimento psicossocial se refere às múltiplas expressões da experiência singular do sofrimento humano, na sua relação com a complexidade da vida em suas manifestações, geridas e gestadas na e pela relação intrínseca e de interdependência do indivíduo e da sociedade, que formam a totalidade social. A pesquisa documental já apontava para uma demarcação dessa relação, sobretudo quando permitiu elaborar um panorama geral sobre os motivadores psicossociais do sofrimento como primeira “crise”, panorama este que foi evidenciado pelos entrevistados com a experiência do sofrimento presente em suas histórias de vida. As análises indicaram a necessidade de uma nova racionalidade da loucura, entendida como experiência do sofrimento humano e não como uma experiência patológica. Assim, foi possível apontar o sofrimento psicossocial enquanto uma possibilidade de um caminhar, que busca a superação para outras formas de compreender o sofrimento humano para além dos diagnósticos psiquiátricos, defendendo abordagens que reconhecem a experiência humana, apostando em uma sociedade mais justa, que respeita as diferenças de seus membros.
Abstract: The socio-historical construction of madness experience is complex and crossed by multiple conceptions and interventions, which are inscribed in a stigmatizing envelope, which begins to change with the psychiatric reform movements. This doctoral thesis aimed to understand the experience of suffering of people with mental health problems, who use the Psychosocial Care Centres (CAPS) III services, in João Pessoa/PB, verifying to what extent the sociocultural changes in the forms to understand madness change the experience of human suffering and the forms of mental health care. The investigation began from three hypotheses: it was inferred that the mental health problem is incorporated in the user's life in a negative way, deteriorating their self-image and reinforcing the stigmas historically attributed to madness; the reform narrative participates and collaborates in the reconstruction of a new identity for network users, when they are recognized as subjects of rights; and that new identity and recognition have contributed to a reversal narrative of the negative self-image related to the mental health problem. In order to achieve the aims of the study, different methodologies were used, namely: field research with a qualitative approach, using the oral history research methodology, from the thematic interview, and the semi-structured interview, carried out with 22 users and 12 family members; and documental research, which supported the contextualization of the scenarios, allowing to present an overview of users. The research was carried out in 571 CAPS charts, in addition to the use of systematic observation and field diary recording. Data collection took place from 8th July 2019 until 19th March 2020 and met the assumptions of resolution 510 of 2016. The theoretical investigation allowed us to produce indications of psychosocial suffering presence, but it was only with the approximation within the research field that identified the concrete bases to verify the manifestation of suffering as psychosocial. The results suggest that the incidence of psychosocial suffering refers to the multiple expressions of the unique experience of human suffering, in its relationship with the complexity of life in its manifestations, managed and gestated in and by the intrinsic and interdependent relationship of the individual and society, that form the social totality. Documentary research already pointed to a demarcation of this relationship, especially when it allowed the elaboration of an overview of the psychosocial motivators of suffering as the first “crisis”, a scenario that was evidenced by the interviewees with the experience of suffering present in their stories of life. The analyses indicated the need for a new rationality of madness, understood as an experience of human suffering and not as a pathological experience. Therefore, it was possible to point out psychosocial suffering as a possibility of a walk, which seeks to overcome other ways of understanding human suffering beyond psychiatric diagnoses, defending approaches that recognize the human experience, hoping for a fairer society that respects the differences of its members.
RESUMEN. La construcción sociohistórica de la experiencia de la locura es compleja y atravesada por múltiples concepciones e intervenciones, que se inscriben en una envoltura estigmatizante, que comienza a cambiar con los movimientos de reforma psiquiátrica. Esta tesis doctoral tuvo como objetivo comprender la experiencia de sufrimiento de personas con problemas de salud mental, que utilizan los servicios de los Centros de Atención Psicosocial (CAPS) III, en João Pessoa/PB, verificando en qué medida los cambios socioculturales en las formas de comprender la locura cambian la experiencia del sufrimiento humano y las formas de atención a la salud mental. Por lo tanto, partimos de tres hipótesis: se infiere que el problema de salud mental se incorpora en la vida del usuario de forma negativa, deteriorando su autoimagen y reforzando los estigmas históricamente atribuidos a la locura; la narrativa reformadora participa y colabora en la reconstrucción de una nueva identidad para los usuarios de la red, cuando se les reconoce como sujetos de derecho; y que esta nueva identidad y este reconocimiento han contribuido a una narrativa de reversión de la autoimagen negativa relacionada con el problema de salud mental. Para llevar a cabo los objetivos del estudio se utilizaron diferentes metodologías: investigación de campo con enfoque cualitativo, utilizando la metodología de la historia oral, a partir de la entrevista temática, y la entrevista semiestructurada, realizada con 22 usuarios y 12 miembros de la familia; y la investigación documental, que apoyó la contextualización de los escenarios, permitiendo presentar un panorama de los usuarios. La investigación se realizó en 571 expedientes de salud del CAPS, además del uso de la observación sistemática y anotaciones en el diario de campo. La recolección de datos abarcó el período del 8 de julio de 2019 al 19 de marzo de 2020 y cumplió con los requisitos de la resolución 510 de 2016 del Consejo Nacional de Ética en la Investigación. La investigación teórica permitió producir indicios de la presencia del sufrimiento psicosocial, pero fue solamente con la investigación de campo que se identificaron las bases concretas para verificar la manifestación del sufrimiento como psicosocial. Los resultados sugieren que la incidencia del sufrimiento psicosocial se refiere a las múltiples expresiones de la experiencia única del sufrimiento humano, en su relación con la complejidad de la vida en sus manifestaciones, gestionada y gestada en y por la relación intrínseca e interdependiente del individuo y la sociedad, que forman la totalidad social. La investigación documental ya apuntaba a una demarcación de esta relación, sobre todo cuando permitió elaborar un panorama de los motivadores psicosociales del sufrimiento como primera “crisis”, escenario que fue evidenciado por los entrevistados con la experiencia del sufrimiento en sus historias de vida. Los análisis indicaron la necesidad de una nueva racionalidad de la locura, entendida como experiencia del sufrimiento humano y no como experiencia patológica. Así, fue posible señalar el sufrimiento psicosocial como posibilidad de un caminar, que busca superar otras formas de entender el sufrimiento humano más allá de los diagnósticos psiquiátricos, defendiendo enfoques que reconozcan la experiencia humana, apostando por una sociedad más justa, que respete las diferencias de sus miembros.
Palavras-chave: Loucura
Saúde mental
Reforma psiquiátrica
Sofrimento psicossocial
Madness
Mental health
Psychiatric reform
Psychosocial suffering
Locura
Sufrimiento psicosocial
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::SOCIOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal da Paraíba
Sigla da Instituição: UFPB
Departamento: Sociologia
Programa: Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Tipo de Acesso: Acesso aberto
Attribution-NoDerivs 3.0 Brazil
URI: http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/br/
URI: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/24491
Data do documento: 15-Jun-2022
Aparece nas coleções:Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) - Programa de Pós-Graduação em Sociologia

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
AlecsoniaPereiraAraujo_Tese.pdf3,25 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Este item está licenciada sob uma Licença Creative Commons Creative Commons