A ROCHA DA VIDA EM COMUM: REFLEXÕES POLÍTICAS ACERCA DO ENSAIO SOBRE A DÁDIVA DE MARCEL MAUSS

Abstract

Aos 150 anos do nascimento de Marcel Mauss (Epinal, 1872 – Paris, 1950), debruçar-se sobre o Ensaio sobre a dádiva, sua obra fundamental publicada em 1925, é provar daquilo que o próprio autor constatara quando se debruçava sobre a troca: dar algo a alguém é também dar algo de si. Um clássico para a Sociologia e Antropologia, certamente, seu pensamento foi base para construção da antropologia estrutural de Claude Lévi-Strauss, uma das escolas mais importantes para a disciplina; também contribuiu para um programa anti-utilitarista construído pelos sociólogos do M.A.U.S.S (Movimento Anti-Utilitarista das Ciências Sociais). Mas o alcance do Ensaio de Mauss foi muito mais amplo: na História, na Arte, na Filosofia, estando presente até nos movimentos revolucionários franceses das décadas de 1950 e 1960. Porém, o que mais nos interessou, foi a sua contribuição para reflexões propriamente políticas elaboradas por Claude Lefort, Louis Dumont e Pierre Clastres. Esses autores compartilham, de todo modo, o mesmo interesse pelo político e um esforço teórico em definir seus conceitos: Claude Lefort, com seus estudos da democracia, Louis Dumont debruçando-se sobre a ideologia, e Pierre Clastres, em busca de compreender o poder nas sociedades ameríndias; todos eles receberam do escrito de Mauss subsídios para enriquecer suas reflexões. É o percurso que toma o Ensaio sobre a dádiva de Marcel Mauss, sob a perspectiva desses autores que pensam o político, que buscamos apresentar neste trabalho.