Use este identificador para citar ou linkar para este item:
https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/33308
Tipo: | Dissertação |
Título: | Inconformismo e resistência negra como estratégia de sobrevivência na zona do não-ser : a questão racial no Centro de Atenção Psicossocial, João Pessoa-PB |
Autor(es): | Monteiro, Vanessa Oliveira |
Primeiro Orientador: | Rocha, Jailson José Gomes da |
Resumo: | Há mais de 300 anos um processo de escravização já estava/está em curso, mesmo após a abolição, os corpos das pessoas negras ainda são destinados a superlotação de ambientes hostis. Se tratando da saúde e da saúde pública, os dados do Ministério da Saúde (MS) inferem que a população negra é a que mais compõe o Sistema Único de Saúde (SUS), ao mesmo tempo a que é mais negligenciada. A loucura, a dita loucura, abraçada com o movimento eugenista no Brasil, encontrou uma “justificativa” racista de amontoar nos manicômios as pessoas negras, compondo, como Lima Barreto dizia, “um pátio onde o negro era a cor mais cortante”. Na década de 70, esse palco de terror foi reivindicado e surgiu a Reforma Psiquiátrica (RP), uma luta que buscou a dignidade e o direito humano das pessoas em sofrimento mental. O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um dos serviços substitutivos onde recebeu(e) as pessoas que foram desinstitucionalizadas e as que agora se encontram em sofrimento psíquico. Dito isto, a grande questão desse estudo é discutir sobre as questões raciais no CAPS III de João Pessoa, Paraíba. Como a equipe compreende as demandas advindas do racismo, como as questões raciais se apresentam de forma dita e não-dita, como as pessoas “usuárias(os)” percebem e compreendem a discussão racial dentro do CAPS. Para tanto, trata-se de uma pesquisa de campo, que teve como bases reflexivas autoras(es) como Frantz Fanon, Abdias Nascimento, Neusa Santos, Lélia González, Clóvis Moura, Lima Barreto, Emiliano David, e bancos de dados como BVS, Scielo, Lilacs. Como participantes, enquanto equipe tiveram 8 profissionais, 5 mulheres e 3 homens, faixa etária entre 25 e 63 anos; na autoafirmação quanto cor/raça 4 pessoas se identificaram como branca, 3 pardas e 1 negro; Enquanto pessoas acompanhadas no serviço, 6 mulheres, faixa etária entre 23 e 55 anos, na autoafirmação quanto cor/raça 1 delas se identifica como branca, 1 parda, 2 morenas, e 2 negras. Dentro dos resultados obtidos, inferiu-se que o serviço se encontra submerso ao mito de democracia racial, logo, apresenta-se em movimento de denegação do racismo, visto que, identifica-se a efetivação dele no cotidiano do CAPS. Além disto, observa-se na maioria da equipe entrevistada, a deslegitimação da saúde mental da população negra, bem como, se apresentam indiferentes para com a discussão racial, performando, por sua vez, um processo de silenciamento, de negligência, de omissão e descompromisso do serviço para com um atendimento equânime, humanizado e racializado. Por conseguinte, as iniquidades encontradas são persistentes há mais de décadas e performam os dispositivos de cuidado na cidade do colonizado. Isto posto, esse estudo é de suma importância para contribuir com a efetivação de políticas públicas já implantadas, a exemplo da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, como fonte para a produção de novas políticas e elaborações de manejos que deem conta das questões raciais e do racismo dentro do CAPS, bem como, auxilia a população para observar as “sutilezas” raciais existentes no SUS. |
Abstract: | For more than 300 years a process of enslavement was already underway, even after abolition, the bodies of black people are still destined to overcrowd in hostile environments. When it comes to health and public health, data from the Ministry of Health (MS) infer that the black population is the one that most makes up the Unified Health System (SUS), while at the same time being the most neglected. Madness, the so-called madness, embraced with the eugenics movement in Brazil, found a racist "justification" for cramming black people into asylums, composing, as Lima Barreto said, "a courtyard where black was the most cutting color." In the 70s, this stage of terror was claimed and the Psychiatric Reform (PR) emerged, a struggle that sought the dignity and human rights of people in mental suffering. The Psychosocial Care Center (CAPS) is one of the substitute services where it received people who were deinstitutionalized and those who are now in psychological suffering. That said, the main issue of this study is to discuss racial issues at CAPS III in João Pessoa, Paraíba. How the team understands the demands arising from racism, how racial issues are presented in a so-called and unspoken way, how the "users" perceive and understand the racial discussion within the CAPS. To this end, it is a field research, which had as its reflexive bases authors such as Frantz Fanon, Abdias Nascimento, Neusa Santos, Lélia González, Clóvis Moura, Lima Barreto, Emiliano David, and databases such as BVS, Scielo, Lilacs. As participants, as a team there were 8 professionals, 5 women and 3 men, aged between 25 and 63 years; in self-affirmation regarding color/race, 4 people identified themselves as white, 3 brown and 1 black; While people were monitored in the service, 6 women, aged between 23 and 55 years, in the self-affirmation regarding color/race, 1 of them identified themselves as white, 1 brown, 2 brown, and 2 black. Within the results obtained, it was inferred that the service is submerged in the myth of racial democracy, therefore, it presents itself in a movement of denial of racism, since its effectiveness is identified in the daily life of the CAPS. In addition, it is observed in most of the interviewed team, the delegitimization of the mental health of the black population, as well as being indifferent to the racial discussion, performing, in turn, a process of silencing, negligence, omission and lack of commitment of the service to an equitable, humanized and racialized service. Consequently, the inequities found have been persistent for more than decades and perform the care devices in the city of the colonized. That said, this study is of paramount importance to contribute to the effectiveness of public policies already implemented, such as the National Policy for the Integral Health of the Black Population, as a source for the production of new policies and elaboration of management that account for racial issues and racism within the CAPS, as well as helping the population to observe the racial "subtleties" existing in the SUS. |
Palavras-chave: | Racismo - Saúde mental Racismo - Saúde pública Centro de Atenção Psicossocial - CAPS Mental health Racism Public health |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS HUMANAS |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editor: | Universidade Federal da Paraíba |
Sigla da Instituição: | UFPB |
Departamento: | Cidadania e Direitos Humanos |
Programa: | Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas |
Tipo de Acesso: | Acesso aberto Attribution-NoDerivs 3.0 Brazil |
URI: | http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/br/ |
URI: | https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/33308 |
Data do documento: | 25-Jul-2024 |
Aparece nas coleções: | Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) - Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos |
Arquivos associados a este item:
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|---|
VanessaOliveiraMonteiro_Dissert.pdf | 2,26 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Este item está licenciada sob uma
Licença Creative Commons