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Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/35195
Tipo: TCC
Título: Heroismo e silenciamento : os usos politicos de um assassinato
Autor(es): Silva Neto, Milton Eduardo da
Primeiro Orientador: Santos Neto, Martinho Guedes dos
Resumo: A história de João Pessoa como herói e mártir nacional é, na verdade, evidência de grande manipulação política, já que Getúlio Vargas a utilizou para alimentar a Revolução de 1930. Uma imagem de João Pessoa defendendo a democracia e a justiça, formada com cautela, foi desenvolvida para acomodar os interesses do movimento revolucionário e disfarçar alguns dos aspectos obscuros de sua administração na Paraíba. Elevar João Pessoa à categoria de figura quase santa não é apenas ignorância, mas uma distorção das reais circunstâncias de seu governo, que foi marcado por práticas autoritárias, repressão a opositores políticos, censura à imprensa, violação de direitos humanos e corrupção administrativa . A criação do herói modelo significa eliminar esses fatores problemáticos, o que faz a narrativa oficial, apresentando uma versão totalmente unilateral da história. Além disso, esta construção heroica silencia as histórias de João Dantas e Anayde Beiriz, que também foram vítimas de perseguições e violências, tanto físicas como simbólicas. João Dantas, cujo ato foi uma vingança pessoal pela humilhação pública causada pela exposição de suas cartas íntimas com Anayde, foi ele próprio demonizado e reduzido a um vilão bárbaro. Anayde, por sua vez, foi tratada de forma cruel e desumana, pois foi difamada e desvalorizada em suas capacidades intelectuais e artísticas. Os jornais da época, como "A União", desenvolveram essa narrativa, exaltando João Pessoa como um "profeta" e sancionando a disseminação de sua imagem em instituições públicas, ao mesmo tempo em que João Dantas era retratado como inimigo da pátria. Essa manipulação midiática serviu para consolidar a imagem de João Pessoa e facilitar uma mobilização popular em favor da revolução liderada por Vargas. Por isso é muito importante problematizar essa construção injusta e unilateral de João Pessoa como herói. Dever-se-á questionar quais os interesses políticos e ideologias que estão por detrás deste discurso e ser capaz de reconhecer a complexa dimensão humana de João Dantas e Anayde Beiriz. Ambos foram figuras multifacetadas que, apesar dos erros, também tinham virtudes, talentos e sonhos. Suas histórias merecem ser resgatadas e lembradas de maneira justa e equilibrada, não como criminosos e traidores, mas sim como seres humanos que foram profundamente afetados pelas políticas econômicas de seu tempo.
Abstract: The story of João Pessoa as a national hero and martyr is, in fact, evidence of significant political manipulation, as Getúlio Vargas used it to fuel the 1930 Revolution. An image of João Pessoa as a defender of democracy and justice, carefully constructed, was developed to accommodate the interests of the revolutionary movement and to mask some of the darker aspects of his administration in Paraíba. Elevating João Pessoa to the status of an almost saintly figure is not merely ignorance but a distortion of the real circumstances of his government, which was marked by authoritarian practices, repression of political opponents, censorship of the press, human rights violations, and administrative corruption. The creation of a model hero means erasing these problematic factors, which is exactly what the official narrative does, presenting a completely one-sided version of history. Furthermore, this heroic construction silences the stories of João Dantas and Anayde Beiriz, who were also victims of both physical and symbolic persecution and violence. João Dantas, whose act was a personal revenge for the public humiliation caused by the exposure of his intimate letters with Anayde, was himself demonized and reduced to a barbaric villain. Anayde, in turn, was treated cruelly and inhumanely, as she was slandered and devalued in her intellectual and artistic capacities. Newspapers of the time, such as A União, developed this narrative, exalting João Pessoa as a "prophet" and endorsing the dissemination of his image in public institutions, while João Dantas was portrayed as an enemy of the nation. This media manipulation served to consolidate João Pessoa's image and facilitate popular mobilization in favor of the revolution led by Vargas. Therefore, it is crucial to question this unfair and one-sided construction of João Pessoa as a hero. It is necessary to examine the political interests and ideologies behind this discourse and to recognize the complex human dimensions of João Dantas and Anayde Beiriz. Both were multifaceted individuals who, despite their faults, also had virtues, talents, and dreams. Their stories deserve to be rescued and remembered in a fair and balanced manner, not as criminals and traitors, but as human beings who were deeply affected by the economic and political policies of their time.
Palavras-chave: João Dantas
João Pessoa
Anayde Beiriz
silênciamento e heroísmo
Silencing
Heroism
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::HISTORIA
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal da Paraíba
Sigla da Instituição: UFPB
Departamento: História
Tipo de Acesso: Acesso aberto
Attribution-NoDerivs 3.0 Brazil
URI: http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/br/
URI: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/35195
Data do documento: 9-Mai-2025
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