Skip navigation

Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/35811
Tipo: Tese
Título: Foucault entra na dança: reflexões histórico-filosóficas sobre as relações de poder presentes desde o balé de corte à dança-teatro de Pina Bausch
Autor(es): Fantini, Wilne de Souza
Primeiro Orientador: Caminha, Iraquitan de Oliveira
Resumo: Este trabalho tem como intuito descrever e analisar as relações de poder, segundo o filósofo francês Michel Foucault, e o vínculo dessas relações, no domínio da dança, na História do balé e na dança-teatro. Foram tecidas algumas apreciações acerca do funcionamento de dois tipos distintos de poder: o de soberania e o disciplinar. O poder de soberania se desenvolveu na época do Absolutismo Monárquico e, para Foucault, esse poder tinha como características ser um poder de obediência, por vincular soberano e súdito, e ser um poder que funciona através de rituais e de cerimônias (gestos, hábitos, sinais de respeito, brasões etc.) A efetivação do poder de soberania, na área da dança, apareceu no balé de corte nascido na França do século XVI. Esse balé era uma combinação de arte, de política e de entretenimento. Além do papel de passatempo para o monarca e sua comitiva, o balé de corte também tinha a função de ratificar o poder soberano. Ao dançar nos balés, o rei fazia lembrar seu poder de controle da cena social, econômica e política. Durante o reinado de Luís XIV, nasceu outro tipo de balé denominado de clássico. Nesse período, surgiu a profissionalização dos bailarinos e a codificação dos passos de balé por Beauchamps-Feuillet cujo legado chegou à atualidade. Apesar da importância dessa notação, ela foi insuficiente para registrar as nuanças fisionômicas dos bailarinos. Logo, mudanças se faziam necessárias. Entre os séculos XVII e XVIII, os dispositivos disciplinares se desenvolveram com maior intensidade e, portanto, o poder destacado nesse período, foi o disciplinar cujas características são, dentre outras: o controle da atividade, a composição das forças, a vigilância hierárquica, a sanção normalizadora, o exame. Nessa época, surgiram outros tipos de balé como: o balé de ação de Jean-George Noverre, no século XVIII, que contestou a estética dos balés de corte e trouxe uma reforma no domínio da dança; o balé romântico, no início do século XIX, ao trazer a leveza dos movimentos e dos gestos, o uso das sapatilhas de ponta, as saias tutus e o destaque da bailarina em relação ao bailarino; o balé acadêmico, entre o final do século XIX e início do XX, que incorporou elementos da ginástica do século XIX e uma maneira mais metrificada e calculada de trabalhar o corpo do bailarino; e a dança-teatro do Wuppertal Tanztheatre da coreógrafa alemã Pina Bausch, na segunda metade do século XX, que inovou, principalmente, ao abordar o elemento da repetição. Embora a repetição, vista por Foucault, seja um atributo do poder disciplinar, e, seja usada, por exemplo, nos treinamentos, nos ensaios e nas encenações dos balés e da dança-teatro, ela, todavia, também pode ser interpretada de outro modo. Por isso, foi feito um recorte ainda mais minucioso, no campo do poder disciplinar, ao ser destacada e analisada a repetição desenvolvida no trabalho de Pina Bausch que pôde ser interpretada como um elemento subversivo. Foi percebido que, apesar das diferenças existentes entre esses tipos de balé e a dança-teatro, todos são permeados pelas ralações de poder e de resistência presentes desde o surgimento desses gêneros de dança até os dias atuais.
Abstract: No abstract.
RÉSUMÉ Ce travail a pour objectif de décrire et d'analyser les relations de pouvoir, selon le philosophe français Michel Foucault, et ce qui les relient au domaine de la danse, à l'Histoire du ballet et à la danse-théâtre. Nous avons tissé quelques analyses autour du fonctionnement de deux types distincts de pouvoir : le souverain et le disciplinaire. Le pouvoir de souveraineté s'est développé à l'époque de l'absolutisme monarchique et, conformément à Foucault, avait pour caractéristiques d'être un pouvoir d'obéissance, en liant le souverain à son sujet, et d'être un pouvoir s'exprimant à travers des rituels et des cérémonies (gestes, coutumes, marques de respect, blasons, etc.). La concrétisation du pouvoir de souveraineté, dans le domaine de la danse, est apparue dans le ballet de cour né dans la France du XVIème siècle. Ce ballet fut une combinaison d'art, de politique et de divertissement. Au delà de son rôle de passe-temps pour le monarque et son entourage, le ballet de cour avait également pour fonction de ratifier le pouvoir souverain. En dansant dans les ballets, le roi rappelait son pouvoir de contrôle de la scène sociale, économique et politique. Pendant le règne de Louis XIV, est né un autre type de ballet, dénommé classique. C'est en effet au cours de cette période qu'a surgi la professionnalisation des danseurs et la codification des pas du ballet par Beauchamps-Feuillet dont l'héritage est parvenu jusqu'à nous. Malgré son importance, cette notation était toutefois insuffisante pour enregistrer les nuances physionomiques des danseurs. Bientôt, des changements se firent nécessaires. Entre le XVIIème et le XVIIIème siècle, les dispositions disciplinaires se développèrent avec une plus grande intensité et, par conséquent, le pouvoir mis en évidence au cours de cette période, fut le disciplinaire dont les caractéristiques sont, entre autres : le contrôle de l'activité, la composition des forces, la surveillance hiérarchique, la sanction normalisatrice, l'examen. À cette époque surgirent d'autres types de ballets, comme : le ballet d'action de Jean-George Noverre, au XVIIIème siècle, qui a contesté l'esthétique des ballets de cour et a apporté une réforme dans le domaine de la danse ; le ballet romantique, au début du XIXème siècle, en apportant la légèreté des mouvements et des gestes, l'utilisation des chaussons de pointe, les jupes tutus et l'importance de la danseuse en relation avec le danseur ; le ballet académique, entre la fin du XIXème siècle et le début du XXème siècle, qui a introduit des éléments de la gymnastique du XIXème siècle et une façon plus métrique et calculée de travailler le corps du danseur ; et la danse-théâtre du Tanztheatre Wuppertal de la chorégraphe allemande Pina Bausch, dans la seconde moitié du XXème siècle, qui a innové essentiellement en abordant l'élément de la répétition. Bien que la répétition, vue par Foucault, soit un attribut du pouvoir disciplinaire, et qu'elle soit utilisée, par exemple, dans les formations, les essais et les mises en scènes des ballets et de la danse-théâtre, elle peut toutefois également être interprétée d'une autre manière. De ce fait, nous avons décidé de faire un découpage encore plus minutieux dans le champ du pouvoir disciplinaire en relevant et analysant la répétition développée dans le travail de Pina Bausch pouvant être interprétée comme un élément subversif. Nous percevons néanmoins, malgré les différences existantes entre ces types de ballets et la danse-théâtre, que tous sont imprégnés des relations de pouvoir et de résistance présentes depuis l'émergence de ces genres de danses jusqu'à nos jours.
Palavras-chave: Foucault, Michel, 1926-1984 - crítica e interpretação
Bausch, Pina, 1940-2009 - crítica e interpretação
Filosofia
Relações de poder
História do balé
Dança-teatro
Relations de pouvoir
Histoire du ballet
Danse-théâtre
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal da Paraíba
Sigla da Instituição: UFPB
Departamento: Filosofia
Programa: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Tipo de Acesso: Acesso aberto
Attribution-NoDerivs 3.0 Brazil
URI: http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/br/
URI: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/35811
Data do documento: 11-Fev-2015
Aparece nas coleções:Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) - Programa de Pós-Graduação em Filosofia

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
WilneDeSouzaFantini_Tese.pdf1,61 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Este item está licenciada sob uma Licença Creative Commons Creative Commons