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Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/36716
Tipo: Tese
Título: “Onde tem trabalho, eu tô vivendo”: saúde mental e trabalho de auxiliares gerais de unidades de saúde da família no Nordeste sob as dimensões de raça, classe, gênero e sexualidade
Autor(es): Geremias, Alessandra Renata
Primeiro Orientador: Souza, Paulo César Zambroni de
Resumo: Este estudo investiga a relação entre trabalho e saúde mental com a participação de 14 trabalhadoras — oito delas negras — que atuam como auxiliares de serviços gerais em Unidades de Saúde da Família, em João Pessoa (PB). A pesquisa se orienta por uma perspectiva que analisa essa relação a partir das dimensões de classe, gênero, raça e sexualidade. O referencial teórico ancora-se no marxismo, com destaque para a Teoria da Reprodução Social e para autoras/es brasileiras/os como Lélia Gonzalez e Clóvis Moura, que discutem a formação social brasileira e o papel da racialização. A metodologia, de caráter qualitativo, envolveu visitas de campo e rodas de conversa com dois grupos autodenominados "Flores Belas" e "As Coleguinhas". Foram realizados quatro encontros e uma sessão final de devolutiva e validação coletiva. A análise, baseada na técnica de Núcleos de Significação, organiza-se em quatro capítulos cujos títulos partem de falas das participantes. Esses núcleos discutem as relações entre produção e reprodução, a naturalização do trabalho reprodutivo e seus efeitos na saúde mental. Demonstra-se como a inserção histórica dessas mulheres no trabalho de limpeza, marcado pela desvalorização e por condições degradantes, repercute negativamente em sua saúde mental. Essa inserção explicita o vínculo entre o trabalho reprodutivo realizado no âmbito das políticas públicas de saúde e aquele executado no interior das famílias, tornando nítido como classe, racialização e generificação são imprescindíveis para compreender a exploração e a opressão a que estão expostas. Na análise da relação entre saúde mental e trabalho, dois eixos foram destacados: o reconhecimento e a invisibilidade. Em diálogo crítico com a Psicodinâmica do Trabalho, argumenta-se que, enquanto trabalhadoras da reprodução social, na sociedade capitalista racializada e generificada, têm o reconhecimento de sua humanidade e de seu trabalho frequentemente negado, ao passo que a invisibilidade de sua atuação e de sua contribuição social é ampliada, o que está no cerne do sofrimento psíquico vivenciado. Conclui-se que a reprodução social constitui uma chave analítica fundamental para compreender esse sofrimento, apontando como essas mulheres enfrentam as restrições impostas à reprodução da força de trabalho tanto nas famílias quanto nos serviços públicos em que atuam. A pesquisa também revela as formas de luta e resistência coletiva gestadas no âmbito da reprodução social e a necessidade de pensá-las como sinalizadoras da luta da classe trabalhadora.
Abstract: This study investigates the relationship between work and mental health through the experiences of 14 women — eight of whom are Black — employed as general service assistants in Family Health Units in João Pessoa (PB), Brazil. The research adopts a perspective that analyzes this relationship through the lenses of class, gender, race, and sexuality. The theoretical framework is grounded in Marxism, with emphasis on Social Reproduction Theory and the contributions of Brazilian scholars such as Lélia Gonzalez and Clóvis Moura, who explore Brazil’s social formation and the role of racialization. The qualitative methodology involved field visits and dialogue circles with two self-named groups: Flores Belas and As Coleguinhas. Four meetings were held, followed by a final session for collective validation and feedback. The analysis, based on the technique of Meaning Cores (Núcleos de Significação), is structured into four chapters titled after the participants' own words. These chapters discuss the relations between production and reproduction, the naturalization of reproductive labor, and its impact on mental health. The study demonstrates how the historical insertion of these women into cleaning work, characterized by devaluation and degrading conditions, negatively affects their mental health. This insertion reveals the connection between reproductive labor carried out in the public health system and that performed within their households, highlighting how class, racialization, and gendering are essential to understanding the exploitation and oppression they face. In analyzing the relationship between mental health and work, two key axes emerge: recognition and invisibility. Drawing on a critical dialogue with the Psychodynamics of Work, the research argues that, as workers in the realm of social reproduction within a racialized and gendered capitalist society, these women are frequently denied recognition of both their humanity and their labor. Their social contributions remain invisible, a condition at the core of the psychic suffering they endure. The study concludes that social reproduction offers a crucial analytical key to understanding this suffering. It exposes how these women confront the constraints placed on the reproduction of the labor force, both within their families and in the precarious public services where they work. The research also sheds light on the forms of collective struggle and resistance that emerge within the sphere of social reproduction, underlining their significance as expressions of the broader struggle of the working class.
RESUMEN. Este estudio investiga la relación entre trabajo y salud mental a partir de la experiencia de 14 mujeres —ocho de ellas negras— que se desempeñan como auxiliares de servicios generales en Unidades de Salud de la Familia en João Pessoa (PB), Brasil. La investigación se orienta desde una perspectiva que analiza esta relación a partir de las dimensiones de clase, género, raza y sexualidad. El marco teórico se fundamenta en el marxismo, con énfasis en la Teoría de la Reproducción Social y en autoras/es brasileñas/os como Lélia Gonzalez y Clóvis Moura, quienes reflexionan sobre la formación social brasileña y el papel de la racialización. La metodología, de carácter cualitativo, incluyó visitas de campo y círculos de conversación con dos grupos autodenominados: Flores Belas y As Coleguinhas. Se realizaron cuatro encuentros y una sesión final de devolución y validación colectiva. El análisis, basado en la técnica de Núcleos de Significación, se organiza en cuatro capítulos cuyos títulos se inspiran en las propias palabras de las participantes. Estos núcleos abordan las relaciones entre producción y reproducción, la naturalización del trabajo reproductivo y sus efectos en la salud mental. Se demuestra cómo la inserción histórica de estas mujeres en el trabajo de limpeza, marcado por la desvalorización y condiciones degradantes, repercute negativamente en su salud mental. Esta inserción explicita el vínculo entre el trabajo reproductivo realizado en el ámbito de las políticas públicas de salud y aquel desempeñado en el interior de sus hogares, evidenciando cómo la clase, la racialización y la generificación son elementos clave para comprender la explotación y opresión a las que están expuestas. En el análisis de la relación entre salud mental y trabajo, se destacan dos ejes principales: el reconocimiento y la invisibilidad. En diálogo crítico con la Psicodinámica del Trabajo, se argumenta que, como trabajadoras de la reproducción social en una sociedad capitalista racializada y generificada, estas mujeres tienen su humanidad y su trabajo sistemáticamente negados, al tiempo que su contribución social se mantiene invisibilizada, lo cual constituye el núcleo de su sufrimiento psíquico. Se concluye que la reproducción social constituye una clave analítica fundamental para comprender este sufrimiento, al mostrar cómo estas mujeres enfrentan las restricciones impuestas a la reproducción de la fuerza de trabajo, tanto en sus familias como en los servicios públicos donde laboran. La investigación también revela formas de lucha y resistencia colectiva gestadas en el ámbito de la reproducción social, y subraya la necesidad de comprenderlas como expresiones de la lucha de la clase trabajadora.
Palavras-chave: Trabalho
Raça
Classe
Gênero
Saúde mental
Labor
Race
Class
Gender
Mental health
Trabajo
Raza
Clase
Género
Salud mental
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal da Paraíba
Sigla da Instituição: UFPB
Departamento: Psicologia Social
Programa: Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Tipo de Acesso: Acesso aberto
Attribution-NoDerivs 3.0 Brazil
URI: http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/br/
URI: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/36716
Data do documento: 18-Mar-2025
Aparece nas coleções:Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social

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